AXÉ !!!

"Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos... o conteúdo mais importante do "TERREIRO DO CANDOMBLÉ" é o AXÉ. É a força que assegura a existência dinâmica, que permite o acontecer e o de vir. Sem axé a existência estaria paralisada, desprovida de toda a possibilidade de realização. É o princípio que torna possível o processo vital."



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

EXÚ - O EIXO DO SISTEMA RELIGIOSO




EXÚ - O EIXO DO SISTEMA RELIGIOSO.

A palavra EXU em iorubá significa "ESFERA", aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim.

Exú é a divindade de maior atuação no contexto religioso do Candomblé.Resultado da interação Obatalá-Oduduwa, é o primeiro elemento procriado e que, esotéricamente, seria aenergia que reúne os átomos, possibilitando a diferenciação da matéria a partir de uma essência única. É o grandetransformador, o comunicador, o intermediário entre os homens e as Divindades e entre estas e o Supremo Criador.O termo "Exú" pode ser traduzido como esfera.Exú, Elegbara, Elegba ou ainda Legba, seriam os nomes pelos quais é conhecido este poderoso Orixá, oprimeiro criado por Obatalá e Oduduwa, tendo Ogun como irmão mais novo.O culto de Exú é muito individual, cada indivíduo, assim como cada coisa possui o seu Legba, podendoportanto, edificar o seu assentamento, onde poderá cultuá-lo e apaziguá-lo.Entre os fons, existem diversos Legbas, ou diferentes manifestações de um mesmo Vodun, que recebem osseguintes nomes e características:

Axi-Legba
: O Legba dos mercados e feiras.

Agbonosu (Rei do portal)
: Representado por uma pequena escultura em barro colocado nas portas deentrada. É um Legba individual.

To-Legba
: Protetor de uma cidade ou aldeia. É um Legba coletivo.

Zãgbeto-Legba
: Protetor dos caçadores noturnos. Segundo se afirma, possui cornos.

Hun-Legba
: Defensor dos templos. É Legba individual de cada Voduns.

Legba Agbãnukwe
: O que fala no jogo de búzios. Corresponde a Exú Akesan. É o protetor, servidor eexecutor de Ifá. É ele que recebe os sacrifícios determinados por Ifá e deve ser sempre servido em primeiro lugar.Não existe nenhuma diferença de atribuições de Agbonosu e Agbãnukwe. Se o primeiro protege a casa contra apossível entrada de malefícios, o segundo, que deve permanecer num quarto dentro de casa, protege contra anegatividade dos próprios habitantes da mesma.Certos signos de Ifá, tais como Ofun Meji, Ogbe-Fun, Oxetura e Fu-Yeku, exigem que seja feito um assentomuito especial, denominado Legba Jobiona, onde os dois Legbas citados, são cultuados em conjunto, com a funçãode proteger a casa e toda a sua periferia. Este Legba excepcional exige obís de tantos quantos o visitem. Segundo atradição nagô, somente os grandes Babalawos podem possuí-lo.Possuímos ainda informações da existência de um Legba com quatro cabeças, denominado.

Legba Aóvi
: surgido do Odu Jaga (nome dado aos Odus Oxe-Irete e Irete-Oxe, signos cujos nomes não devem ser pronunciados em decorrência da grande carga de negatividade de que são portadores. Um outro nome usado para mencionar estes Odus, é Gadeglido.Os Odu-Ifá que falam exclusivamente de Legba, são Odi-Gundá, Gunda-Di e Di-Turukpon.Por sua importância e atributos, Exú é sempre o primeiro a ser homenageado e cultuado em todos osprocedimentos ritualísticos. Seu caráter é ambíguo e faz o mal ou o bem de acordo com sua própria conveniência.A atitude do africano diante desta divindade é de verdadeiro pavor, devido ao seu poder de atuação sobre avida e a morte, o sucesso e o fracasso, a riqueza e a miséria, de acordo com as determinações de Olodumare, dequem é o executor de ordens. Por este motivo, todos os seguidores da religião, procuram estar bem com ele,evitando desagradá-lo para não se exporem à sua ira.

Bi á bá rúbo, ki á mú t'Exú kuro 
:Quando qualquer sacrifício é oferecido, a parte que cabe à Exú deve ser depositada diante dele.

Esta regra deve ser sempre observada porque desta forma evita-se que, com atitudes maliciosas, Exúvenha a ocasionar contratempos e confusões de todos os tipos.Numa das mais importantes louvações de Exú, encontramos a expressão:
“Exú, otá Orixá” - "Exú, o adversário dos Orixás" 
- o que reafirma os constantes problemas existentes entre eles, ocasionados pela disputa dopoder e da autoridade.Entre os muitos nomes ou títulos honoríficos de Exú, destacamos:

Logemo orun:
Indulgente filho do céu.

A n'la ka'lu:
 Aquele cuja grandiosidade se manifesta em plena praça.

Pápá Wàrà:
 Aquele que apressadamente, faz com que as coisas aconteçam de repente.

A túká ma xe xa:
O que ele quebra em pequenos pedaços jamais poderá ser reconstituído.

Exú possui muitos emblemas, como a laterita, imagens de madeira ou de barro sempre encimadas por umalâmina ou ponta afiada, bastões fálicos, etc...No Brasil, por influência do cristianismo, esta magnífica entidade foi comparada ao diabo e, destesincretismo, criou-se a imagem de Exú provida de rabo e chifres, portando tridentes e por vezes, dotado de asascomo as dos morcegos.Se por um lado houve a intenção, por parte dos antigos missionários cristãos, de desmoralizar Exú,devemos levar em conta que, deixadas de lado as conotações maléficas injustas e incompreensíveis atribuídas à Lúcifer (O Portador de Luz), Exú poderia perfeitamente ser comparado a esta magnífica entidade espiritual ao compreendermos suas verdadeiras funções e atribuições.Nas práticas umbandistas encontramos um outro tipo de manifestação de espíritos aos quais, talvez por influência do sincretismo com o Diabo, convencionou-se dar o nome de Exú.

Estas entidades, que se apresentam sob diversas denominações tais como, Marabô, Tranca-Ruas, Veludo,Caveira, Pomba Gira, Maria Padilha, Molambo, etc., são na verdade, eguns, que se manifestam em seus médiuns para cumprirem as missões que lhes foram impostas, da mesma forma de outras que se apresentam como pretos-velhos, caboclos, boiadeiros, ciganos, etc.É necessário que se saiba a diferença entre Exú-Orixá e estes outros tipos de entidades, que não se encontram na mesma categoria hierárquica e que devem ser tratados e reverenciados, de forma diferente e específica, mas que, independente de não serem Orixás, possuem força e poder para resolverem problemas e prestarem auxílio a tantos quantos a eles recorram.O Orixá Exú é o único dentre todos os demais, que tem seu campo de ação ilimitado, podendo atuar em todos os níveis da existência universal, permitindo por este motivo, que seja classificado tanto como Funfun como também como Ebora, tamanho é o seu poder de agir livremente.

1 - Santos, J.E. - Os Nagô e a Morte. Padê, Axexe e o Culto Egun na Bahia. - Vozes - Petrópolis - 1986..
2 - Obra citada.3 - 0bra citada.4 - Obra citada.5 - Idowu, E.B. - Olodumare, God in Yoruba Belief - Longmans - 1962..
6 - Idowu, E.B. - Obra citada


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