AXÉ !!!

"Energia mágica, universal sagrada do orixá. Energia muito forte, mas que por si só é neutra. Manipulada e dirigida pelo homem através dos orixás e seus elementos símbolos... o conteúdo mais importante do "TERREIRO DO CANDOMBLÉ" é o AXÉ. É a força que assegura a existência dinâmica, que permite o acontecer e o de vir. Sem axé a existência estaria paralisada, desprovida de toda a possibilidade de realização. É o princípio que torna possível o processo vital."



quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Iemanjá

Yemojà

Na África, o orixá que reina nos oceanos é Olokun e, segundo consta, é o pai de Yemonjá. Ela, por sua vez, fixou seu reinado nos lagos (de água doce e salgada), enseadas, quebra-mares e na junção entre rios e mares (pororoca).

YEMANJÁ:Ye + omo + eja = mãe dos filhos peixes, ou, Yèyé omo ejá (Mãe cujos filhos são peixes).O cristal representa seu poder genitor e sua interioridade (filhos contidos em si mesma). Representa a gestação e a procriação. Em alguns mitos considera-se mulher de Òrányàn (descendente de Oduá e fundador de Oyó) de quem ela concebeu Sàngó (Ancestre dicino da dinastia dos Àlàfin de Òyó).

A mãe dos orixás, esposa de Òrìnsànlá. No Brasil é a deusa do mar, da água salgada, enquanto na Nigéria, a deusa de um rio, e orixá dos Egbá, onde existe o rio Yemoja. Também a deusa do encontro das águas do rio e do mar.

A mais antiga é Iyá Sagba , que quer dizer, A Mãe que passeia sobre as ondas.



Segundo algumas fontes; Orixá dos rios e correntes, especialmente do Rio Ogun, na África seria folha de Obatalá e Oduduwá, casada com Oranyian, fundador mítico de Oyó, teria sido esposa de Aganjú, e com ele teve um filho Orùngan, que a violou e dela são descendentes outros quinze orixás: Dadá, Sangó, Ògún, Olokun, Olosá, Oyá, Òsun , Obá, Oko, Oke, Saponan; Òrun (sol) e Osupá (lua); Ososo e Aje Saluga (orixá da riqueza). Seus diversos nomes são relativos aos diferentes lugares profundos (ibù) do rio.

Qualidades: 7 conhecidas, seus nomes diferem conforme região.
1) Yemoja Ogunte (esposa de Ogum Alagbedé)
2) Yemoja Saba (fiadeira de algodão, foi esposa de Orunmilá)
3) Yemoja Sesu/Susure (voluntariosa e respeitável, mensageira de olokun)
4) Yemoja Tuman/Aynu/Iewa
5) Yemoja Ataramogba/Iyáku (vive na espuma da ressaca da maré)
6) Iya Masemale/Iamasse (mãe de Xangô)
7) Awoyó/Iemowo (a mais velha de todas, esposa de Oxalá .A majestade dos mares. Senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a Rainha das águas salgadas, considerada como mãe de todos Orixás, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também como a Deusa das Pérolas, Iemanjá é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento do nascimento.

Essa força da natureza também tem um papel muito importante em nossas vidas, pois é ela que vai reger nossos lares, nossas casas. É Iemanjá que vai dar o sentido de “família” a um grupo de pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos, transformando-os num grupo coeso.

Iemanjá é o sentindo de educação que damos aos nossos filhos, os mesmos que recebemos de nossos pais, que aprenderam com nossos avós. Ela, Iemanjá, rege até o castigo, as sanções que aplicamos aos filhos. É o sentido básico, é a base da formação de uma família, aquela que vai gerar o amor do pai pelo filho, da mãe pelo filho, dos filhos pelos pais, transformando tais sentimentos num só, poderoso, imbatível, que se perpetuará.

Iemanjá é a família! Rege as reuniões de família, os aniversários, as festas de casamento, as comemorações que se fazem dentro da família. É o sentido da união, seja ligado, por laços consangüíneos, ou não.

Dentro do culto, numa casa de santo, Iemanjá também atua organizando e dando sentindo ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependências; proporcionando o sentimento de irmão pra irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho, ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos do relacionamento do Babalorixás, ou Ialorixás como os Omo Orixás (filhos de Santo).

Iemanjá também está presente nas decisões, nos momentos de angústia e preocupação pelo ente querido, pois seus sentimentos geram os nossos, A necessidade de saber se aqueles que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente, ou amigo muito querido. E estendemos isso, também, às comunidades da Religião.

Iemanjá é a preocupação e o desejo de ver aquilo que amamos a salvo, sem problemas. É a manutenção da harmonia do lar.

Está presente também no nascimento, pois é ela quem vai aparar a cabeça do bebê, exatamente no momento do seu nascimento. Se Exu fecunda e Oxum cuida da gestação, é Iemanjá quem vai receber aquela nova vida no mundo e entregá-la ao seu regente, que inclusive pode ser até ela mesma. Isto tem uma importância muito grande, no sentido e na visão da Cultura Africana, sobre a fecundação e concepção da vida humana. Iemanjá é a senhora dos lares, pois, desde o nascimento, ou a partir do nascimento, ela cuidará da família.

Daí o titulo de Iyá (mãe), melhor, Iyá – Ori (mãe da cabeça) e plasmadora de todas as cabeças; aquela que gera o Ori, que dá o sentido da vida e nos permite pensar, raciocinar, viver normalmente como seres pensantes e inteligentes.

Iemanjá está presente nos mares e oceanos. É a Senhora das águas salgadas e será ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo de seu reino. Iemanjá é a onda do mar, o maremoto, a praia em ressaca, a marola, É ela quem controla as marés, é ela quem protege a vida no mar.

Mitologia

Filha de Olokun, Iemanjá nasceu nas águas. Teve três filhos: Ogum, Oxossi e Exu.

Conta a lenda que Ogum, o guerreiro, filho mais velho, partiu para as suas conquistas; Oxossi, que se encantara pela floresta, fez dela a sua morada e lá permaneceu, caçando; e Exu, o filho problemático, saiu pela mundo.

Sozinha Iemanjá vivia, mas sabia que seus filhos seguiam seus destino e que não podia interferir na vida deles, já que os três eram adultos.

Comentava consigo mesma:

- Ogum nasceu para conquistar. É bravo, corajoso, impetuoso. Jamais poderia viver num lugar só. Ele nasceu para conhecer estradas, conquistar terras, nasceu para ser livre. Exu, que tantos problemas já me deu, nasceu para conhecer o mundo e dos três é o mais inconstante, sempre preparado surpresas; imprevisível, astuto, capaz de fazer o impossível, também nasceu para conhecer o mundo. Oxossi, meu querido caçula, bem que tentei prendê-lo a mim, mas no fundo sabia que teria seu destino. Ele é alegre, ativo, inquieto. Gosta de ver coisas belas, de admirar o que é bonito e é um grande caçador. Nasceu para conhecer o mundo também e não poderia segurá-lo...

Iemanjá estava perdida em seus pensamentos quando viu que, ao longe, alguém se aproximava. Firmou a vista e identificou-o: era Exu, seu filho, que retornara depois de tanto tempo ausente. Já perto de seu mãe, Exu saudou-a e comentou:

- Mãe, andei pelo mundo mas não encontrei beleza igual à sua. Na conheci ninguém que se comparasse a você!

- O que está dizendo, filho? Eu não entendo!

- O que quero dizer é que você é a única mulher que me encanta e que voltei para lhe possuir, pois é a única coisa que me falta fazer neste mundo!

E sem ouvir a resposta de sua mãe, Exu tomou-lhe à força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, pois Iemanjá não poderia admitir jamais aquilo que estava acontecendo. Bravamente, resistiu às investidas do filho que, na luta, dilacerou os seis da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu “caiu no mundo”, sumindo no horizonte.

Caída ao chão, Iemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokun e ao Criador, Olorun. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi saindo, dando origem aos mares.

Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos Orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros, na corte.

Iemanjá que, deste modo, deu origem ao mar, procurou entender a atitude do filho, pois ela é a mãe verdadeira e considerada a mãe não só de Ogum, Exu e Oxossi, mas de todo o panteão dos Orixás.

"Iemanjá, é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemanja. Com as guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX. Não lhes foi possível levar o rio, mas, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do axé da divindade, e o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemanjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com Ògún, o orixá do ferro e dos ferreiros."

Pierre Verger no livro Dieux D'Afrique

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Oxum

oxum apara Pictures, Images and Photos
Òsún Òpàra ou Àpàrà

Este é um orixá com muitas similaridades entre OXUM e OYÁ, pois podemos falar que ela e meta-meta, em uma parte do ano ela é OXUM e na outra ela passa a ser OYÁ, guerreira e destemida, dona da fortuna. Este orixá também tem seus rompantes, uma hora é doce como um rio calmo e derrepente torna-se uma tempestade.

Seus filhos normalmente tem as mesmas características, sendo pessoas de boa índole, porem não aceitam serem mandadas por ninguém, normalmente eles sempre são os donos das situações, tomando sempre a frente, para que nada de errado.

O mesmo que acontece com OXUM APARÁ, guerreira, dócil e sempre vencendo em suas batalhas, não se importando quem será o oponente, ela que é guerrear, parceira de lutas com OGUM, grande afinidades com EXÚ, pois dizem que ela conseguiu ludibria-lo, tomando os segredos dos BÚZIOS (ifá) para ela, sendo a única a ter os segredos.

Um orixá que tem ligações de feitiços com IYAMI OSHORONGÁ, sendo a única a saber como fazer os feitiços e desmancha-los.

Òsún Òpàra ou Àpàrà: É Opàrà, como já dito, cujo culto assemelhava-se ao de Òsún, mas, que se perdeu no tempo e terminou virando qualidade por aqui (Brasil). Sabe-se pouco sobre Òpàrà além de semelhanças com Òsún, ela, ao invés de um abèbè (leque), ela usa uma àdá (espada). E recebe em oferenda, ao invés de cabras, de òdá (bodes castrados).

Oxum Apará tem inveja de Oiá

Vivia Oxum no palácio em Ijimu, passava os dias no seu quarto olhando seus espelhos, eram conchas polidas onde apreciava sua imagem bela. Um dia saiu Oxum do quarto e deixou a porta aberta, sua irmã Oiá entrou no aposento, extasiou-se com aquele mundo de espelhos, viu-se neles. As conchas fizeram espantosa revelação a Oiá, ela era linda! A mais bela! A mais bonita de todas as mulheres! Oiá descobriu sua beleza nos espelhos de Oxum, Oiá se encantou, mas também se assustou: era ela mais bonita que Oxum, a Bela. Tão feliz ficou que contou do seu achado a todo mundo, e Oxum Apará remoeu amarga inveja, já não era a mais bonita das mulheres, vingou-se. Um dia foi à casa de Egungum e lhe roubou o espelho, o espelho que só mostra a morte, a imagem horrível de tudo o que é feio, pôs o espelho do Espectro no quarto de Oiá e esperou, Oiá entrou no quarto, deu-se conta do objeto, Oxum trancou Oiá pelo lado de fora, Oiá olhou no espelho e se desesperou. Tentou fugir, impossível, estava presa com sua terrível imagem, correu pelo quarto em desespero, atirou-se no chão, bateu a cabeça nas paredes, não logrou escapar nem do quarto nem da visão tenebrosa da feiúra. Oiá enlouqueceu, Oiá deixou este mundo. Obatalá, que a tudo assistia, repreendeu Apará e transformou Oiá em orixá. Decidiu que a imagem de Oiá nunca seria esquecida por Oxum. Obatalá condenou Apará a se vestir para sempre com as cores usadas por Oiá, levando nas jóias e nas armas de guerreira o mesmo metal empregado pela irmã.

Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001

Canto de Oxum

Quando eu morrer
voltarei para buscar os instantes
que não vivi junto do mar.

Nhem-nhem-nhem
Nhem-nhem ô xorodô
Nhem-nhem-nhem
Nhem-nhem ô xorodô
É o mar, é o mar
Fé-fé xorodô
Oxum era rainha,
Na mão direita tinha
O seu espelho onde vivia á se mirar
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
Onde ela vive?
Onde ela mora?
Nas águas,
Na loca de pedra,
Num palácio encantado,
No fundo do mar.
O que ela gosta?
O que ela adora?
Perfume,
Flor, espelho e pente
Toda sorte de presente
Pra ela se enfeitar.
Como se saúda a Rainha do Mar?
Como se saúda a Rainha do Mar?
Alodê, Odofiaba,
Minha-mãe, Mãe-d'água,
Odoyá!
Qual é seu dia,
Nossa Senhora?
É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar.
O que ela canta?
Por que ela chora?
Só canta cantiga bonita
Chora quando fica aflita
Se você chorar.
Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Pescador e marinheiro
que escuta a sereia cantar.
É com povo que é praieiro que Dona Iemanjá
quer se casar.

Toquinho e Vinicius de Moraes

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Oyá !!! Senhora do mundo dentro de mim !!!

"É vista quando há vento e grande vaga
Ela faz um ninho no enrolar da fúria e voa firme e certa como bala
As suas asas empresta à tempestade
Quando os leões do mar rugem nas grutas
Sobre os abismos, passa e vai em frente
Ela não busca a rocha, o cabo, o cais
Mas faz da insegurança a sua força e do risco de morrer, seu alimento
Por isso me parece imagem e justa
Para quem vive e canta num mau tempo"

O raio de Iansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Iansã também sou eu
E Santa Bárbara (no sincretismo) é santa que me clareia

A minha voz é vento de maio
Cruzando os mares dos ares do chão
Meu olhar tem a força do raio que vem de dentro do meu coração

Eu não conheço rajada de vento mais poderosa que a minha paixão
Quando o amor relampeia aqui dentro, vira um corisco esse meu coração
Eu sou a casa do raio e do vento
Por onde eu passo é zunido, é clarão
Porque Iansã desde o meu nascimento, tornou-se a dona do meu coração

O raio de Iansã sou eu...

Sem ela não se anda
Ela é a menina dos olhos de Oxum
Flecha que mira o Sol
Oyá de mim..."